Capítulo 4
P5 “Esquecer e Recomeçar”
Data: Quarta-feira, 24 Novembro 1999 23:17h, *Assunto: “ Todo sexy!”
...estás todo sexy! Onde vais assim todo bonitão?
No sábado, talvez tenha uma novidade para te contar: uma tatuagem com um pequeno dragão. Um dia espetacular para mim porque eu mereço!
Telemóvel (SMS) * Quinta-feira 25 Novembro 1999 01:02h
Depois da meia-noite beijos vampiros, Ninfa Flor
Data: Quinta-feira, 25 Novembro 1999 02:08h *Assunto: “Teu SMS“
Ninfa,
Obrigada pelos teus beijos doces e quentes.
Apoderas-te de mim…Duro e infinito.
Data: Quinta-feira, 25 Novembro 1999 23:48h *Assunto: “ O Rei e a Plebeia I“
(Uma história…época medieval…)
- Bom dia, meu Rei, posso acordar-vos? (uma vénia) O que desejais para pequeno-almoço? (outra vénia) Se me permitis, esta plebeia gostaria de dizer a Vossa Alteza que coisa alguma há a recear do dia de hoje: as estrelas da boa sorte continuam-Vos resplandecentes!
- Tu plebeia ou me deixas dormir ou, vens aqui para junto de mim apanhar com um pouco da minha resplandecência...
- Meu Rei, desejais que eu ordene a preparação do Vosso Banho Real? (outra vénia)
- Ainda estás aí? Está bem, mas hoje és tu que me vais esfregar as costas.
- Meu Rei, vós mandais. Desejo-vos um belo dia com lugares de delícias.
- Qualquer dia mostro-te o lugar das delícias... vais esfregar-me as costas mas dentro do banho comigo, quer queiras quer não! Podes ficar vestida! Obedece-me porque não estou para aturar as tuas deliciosas contra argumentações que só me servem para me provocar ainda mais...
Data: Sexta-feira, 26 Novembro 1999 23:43h *Assunto: “ O Rei e a Plebeia II“
- Meu Rei, porque deambulais pelo castelo a esta hora da madrugada? O que vos preocupa tanto que nem reparais quão fria a noite está ? Vou pedir que acendam a lareira da sala. Desviar-vos-eis dos vossos pensamentos enquanto observais o fogo.
- E tu, porque me segues? Acaso chamei-te para me consolares?
- Meu Rei, são as batalhas que vos preocupam? São as vitórias que já não vos alegram mas derrotas também não desejais conhecer? Achais tudo vil e vão?
- Repito: acaso chamei-te para me consolares? Tu plebeia, não te comportes como se minha rainha fosses! Embora ousadias te permita e queira.
- Meu Senhor, vejo que os vossos medos e fraquezas a ninguém confiais. Sinto-vos recear que quem os conheça vos desampare, enfraquecendo-vos quando fraco estiverdes. Meu Rei, simplesmente buscais, tal como nós plebeus, momentos que sejam verdadeiramente felizes e duradoiros. É daí que vêm as forças para dias piores quer do passado, quer do futuro.
- Plebeia, que pretendes de mim?
- Meu Senhor, o vosso espírito hoje está mordaz. Acabam de me fazer sinal. A lareira já foi acesa. Desejo ao meu Rei um bom sono.
- Preciso de afastar esta minha tristeza...tu hoje vais dormir comigo.
- Meu Rei!
- Se eu quisesse mesmo muito, dormias comigo e não refilavas. Nem na minha tristeza me consolas, vai-te plebeia! Tu deixas que eu me entregue aos beijos e carícias de outras, tu mentes-me quando me invocas como teu Rei.
- Mas meu Senhor...
- Deixa-me por hoje, não me digas mais nada!
- Vossa Majestade! Eu adoro-vos e vós sabeis quão grande é a minha admiração por Vós Alteza. Meu Senhor, dói-me ver-vos assim...
- A noite está escura. Segue-me e não me faças perguntas.
- Para onde me levais, meu Senhor?
- Enquanto caminhamos nestes corredores até à porta, diz-me: como pensas que é a minha vida?
- Meu Senhor, os fardos dados aos homens nunca são superiores àqueles que eles podem suportar, conforme diz o nosso capelão.
- Plebeia, os corredores são longos, fala, tens tempo.
- Meu Rei, a vossa vida traz-vos cuidados e zelos. Será sempre difícil avaliar se esses são exagerados ou não. Mas exige sem dúvida que tenhais uma mente perspicaz em vários domínios: desde o amor, à filosofia de vida a adotar, à economia do reino e a muitos outros campos que me ultrapassam. Uma mente conhecedora dos momentos certos para os empreendimentos e capacidade de liderança, mesmo quando se está sem confiança em si próprio e tal não se poderá deixar transparecer.
- Alegrias tenho-as?
- Meu Senhor, ter dinheiro é uma alegria. Ter amigos outra. Sentir que o povo vos ama outra alegria é. Mas lembrai-vos que os mortais fazem pedidos aos deuses e estes aos mortais, onde está o que ambos procuram?
- Vou pegar em ti e levar-te no meu cavalo a passear pelo bosque. Não existe sol, nem luar, nem céu estrelado, apenas nós os dois.
Data: Sábado, 27 Novembro 1999 23:02h *Assunto:“ O Rei e a Plebeia III“
- Meu Rei, quero felicitar-vos pelo sucesso na caçada.
- Plebeia, não sei se foi grande...Tu gostarias menos de mim?
- Meu amo, se vós ainda não me conheceis ofendeis-me.
- Se te chamasse de meu amor, que me dirias?
- Meu Soberano Vitorioso, vós sabeis que tereis grande poder sobre mim se frases dessas usares.
- Para onde olhas, plebeia?
- Meu Rei, perdoai-me o facto dos meus olhos não se desviarem do Vosso corpo real mas, os meus olhos vêem que o vosso corpo está apenas coberto por um manto!
- Minha plebeia, quero que uses as mãos. Assim irei distrair-me das minhas preocupações reais. Quero uma massagem!...
- Meu Rei, suponho que desejais uma massagem às costas, pernas e pés. Assim o farei, o meu Rei é soberano e senhor.
- Plebeia, tira-me o manto.
- Vossa Alteza ordena e eu obedecerei, mas... até estares deitado sobre o vosso peito, posso retirar o manto de olhos fechados?
- A minha santa plebeia suporta ver costas e nádegas mas o resto é sol que não pode ver -pode cegar-lhe a razão! Quero ver a continuação desta história!...
Data: Domingo, 28 Novembro 1999 22:02h *Assunto: “ O Rei e a Plebeia IV“
- Meu Rei, informo-vos que estão aí dois ilustres: um ministro vosso e uma Condessa. Têm audiência marcada com Vossa Majestade.
- Minha Plebeia, a tua transparência é tão cristalina que quero ver-te a improvisar uma mentira a esses dignitários. Não estou interessado em recebê-los hoje. (após ter decorrido algum tempo) Então o que lhes disseste, minha plebeia sem jeito para mentir?
- Vossa Alteza: ao Vosso ministro, informei que já haveis estudado as propostas apresentadas pela assembleia ministerial, que as Vossas decisões já existem mas que Vossa Alteza é um Rei muito ponderado e, apesar de nunca se arrepender das decisões tomadas, gosta de refletir sobre as mesmas, que ele saberia o que tal significa.
- E à Condessa?
- Meu Senhor, informei-lhe que vos havíeis mostrado inconsolável com o facto de não poderes recebê-la hoje mas estais absorvido em responsabilidades inadiáveis. No entanto, havíeis pedido que eu acrescentasse, da vossa parte, que o Vosso coração não teria qualquer alegria por dias a fio, se a Condessa não vos perdoasse.
- Nada mal para uma plebeia santinha…também sabes fazer com que os santos te empurrem do altar? Os elogios que me teces, posso acreditar que são sinceros?
- Meu Amo, eu acredito que a vossa afeição por mim é sincera.
- Plebeia, aproxima-te de mim. Beijas bem?
- Meu Rei...
- Plebeia provocadora, por muito coelho saltitante que sejas não te adiantará muito se eu te puser na mira da minha flecha.
- Meu Rei, vós preferis ver o coelho saltitar de alegria ou despedaçá-lo?
- A flecha a que eu me refiro, não despedaça, antes pelo contrário! Até faz saltitar mais. Sou generoso de muitas e variadas maneiras, sei que tu pressentes isso....
- Meu Rei, acreditais que ambos não existimos?
- Toca-me e verás que eu existo.
- Meu Senhor, eu e Vós, surgimos quando a imaginação duma visionária nos vê.
- Minha plebeia, se me beijares o que sentes é nosso, existe!
- Meu Rei, nós sentimos apenas através da imaginação dessa visionária... Ela imagina o calor do meu sangue a correr nas veias quando Vós me tocais tal como correria nas veias dela, se ela fosse tocada pelo homem que ela conhece e que projetou em Vós. A imaginação dela inspira-se nele. Ela conhece-o desde que as almas de ambos foram criadas.
- Esse outro existe, é real, mas a realidade ainda não os deixou tocarem-se? É pena. Nós que não existimos tocamo-nos. Aproxima-te de mim. Sentir-me-ás.
Telemóvel (SMS) Quinta-feira 02 Dezembro 1999
01:11h
Noite, tremor de corpos, eu e tu…A exorcista Ninfa Flor
07:02h
Acabei de tomar duche. Vou secar os meus longos cabelos…Ninfa Flor
20:08h
O teu diabo e o meu, andam a pular em cima das árvores. Vão tramar algo...
Telemóvel (SMS) Quarta-feira 08 Dezembro 1999
00:01h
Tu... corpo e voz expressivos… Ninfa
21:06h
És muitíssimo fotogénico, estou-te a ver numa revista estrangeira...beijos, Ninfa
23:59h
Se eu fosse uma sereia e tu um marinheiro, o meu canto arrastar-te-ia comigo para as profundezas do oceano e faríamos o quê? Ninfa
Telemóvel (SMS) Terça-feira 21 Dezembro 1999
20:39h
Problemas igual a panteras de pêlo azul e olhos cor-de-rosa. Lembra-te: nunca ver! Sempre pensamentos positivos! Ok? Beijos, Ninfa
23:59h
Posso pegar numa corda e amarrar-te? Ninfa
Telemóvel (SMS) Quarta-feira 22 Dezembro 1999
23:03h
Amanhã à noite vou sair do meu mato e encontrar-me com 6 gatas. Convívio! Vai ser o máximo!
23:10h
Estou de férias. Espero que tudo esteja bem contigo. Beijos...Ninfa
Telemóvel (SMS) Quinta-feira 23 Dezembro 1999
08:49h
Vou agora visitar um tio meu ao hospital. Um camião embateu nele. É grave mas ele viverá. Tudo bem contigo? Ninfa Flor
08:53h
Achas que faço falta neste mundo? Quão diferente teria sido a história das pessoas que conheço se não me tivessem conhecido? Ninfa Flor
Telemóvel (SMS) Sexta-feira 24 Dezembro 1999
08:50h
Olá! Estou com muitos apetites...por exemplo, de te arranhar e de te dar muitos, mas mesmo muitos beijos...Quero uma prenda de natal! Ninfa Flor
Data: Sexta-feira, 31 Dezembro 1999 11:38h, *Assunto: “Espero… ”
Espero que gostes de mim, o suficiente, para me dares uma morte rápida nem que seja cruel. Não me tens respondido ☺Tu queres é sexo, verdade?
Deixa-me imaginar uma última cena, antes do meu adeus: vou pegar numas tesouras e começar de baixo para cima. Vou cortando as tuas calças e vou subindo... passo por um sítio perigoso: a tua “coisa”! Incomoda-te mais a sensação do frio metálico das tesouras que o receio...mas como andas a portar-te mal nunca se sabe...talvez devesses recear ☺ Sorrio mas não me apetece.
(poema) Em pedaços quebras o meu coração, Pedaços antagonistas, Estes pedaços da fantasia me levam a sair… Os pedaços que na memória se fixam, Na fantasia me enlevam… Isto é enlouquecer? Isto são chagas? Isto é viver? Isto és tu em mim, Eu gosto, Do oscilar assim, Dos opostos em mim…Teus e meus… (fim)